Pesquisa realizada em universidade dos EUA mostra impacto da inteligência artificial no meio ambiente; veja detalhes e o que especialistas dizem sobre o assunto Um vídeo de cinco segundos criado por inteligência artificial (IA) consome tanta energia quanto um micro-ondas ligado por uma hora. Esse dado é resultado da pesquisa intitulada “Power Hungry: AI and our energy future” (ou “Fome de poder: IA e o futuro da nossa energia”, em português), realizada por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). A pesquisa publicada em maio de 2025 destaca o impacto ambiental do uso crescente de ferramentas de IA, especialmente em plataformas que produzem conteúdo multimídia em larga escala. A seguir, confira mais detalhes da pesquisa, as preocupações dos especialistas e as sugestões para minimizar os impactos da IA.
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O uso de inteligência artificial pode consumir o mesmo que um micro-ondas ligado por uma hora
Reprodução/Luã Souza
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O estudo do MIT
Sora, da OpenAI, é uma das IAs que criam vídeos
Reprodução/TechTudo
O estudo do MIT Technology Review analisou o consumo de energia em sistemas de inteligência artificial voltados para geração de imagens, vídeos curtos e conteúdos textuais. A pesquisa comparou o gasto energético de modelos como o Sora, da OpenAI, Veo do Google, Adobe Firefly e outros sistemas de síntese de mídia. Os pesquisadores descobriram que produzir apenas cinco segundos de vídeo (em uma das IAs analisadas, a chinesa CogVideoX) consome aproximadamente 1 kWh, o equivalente a manter um micro-ondas ligado por uma hora inteira.
Ainda segundo a pesquisa, entre 2005 e 2017, os centros de processamentos de dados mantiveram seu gasto de eletricidade estável, graças a ganhos de eficiência, mesmo com a explosão de serviços em nuvem como Netflix e Facebook. Mas a partir de 2017, a IA mudou esse cenário. A demanda por hardware especializado, como GPUs para treinamento de modelos, fez o consumo dos data centers dobrar. Hoje, eles já respondem por 4,4% de toda a energia consumida nos Estados Unidos e estima-se que esse número possa triplicar até 2028. A eletricidade que esses centros usam é 48% maior que a média nacional. Com a IA se tornando mais personalizada, “onipresente” e capaz de resolver problemas complexos, os especialistas acreditam que o impacto ambiental causado está apenas em sua fase inicial.
A equipe também analisou o ciclo completo de processamento de IA, desde o treinamento dos modelos até a inferência (o momento em que o vídeo é gerado). Os pesquisadores descobriram que o treinamento de modelos avançados de vídeo é extremamente intensivo, exigindo milhares de GPUs funcionando por semanas. A geração de vídeos em si também consome muita energia, especialmente quando feita em larga escala. Serviços populares, como ferramentas de edição por IA e plataformas de redes sociais, multiplicam esse gasto devido ao alto volume de requisições diárias. O impacto é ainda maior se considerado que algumas plataformas processam milhões de vídeos por dia.
Por que o gasto é tão alto?
A geração de vídeos por IA exige modelos com bilhões de parâmetros, que realizam cálculos complexos para criar imagens e movimentos realistas. Diferentemente de uma busca no Google ou do processamento de texto, que são relativamente leves, os sistemas de vídeo precisam processar quadros sequenciais (que variam de 24 a 60 imagens por segundo); simular física, iluminação e texturas de maneira convincente; e ajustar cada frame para manter coerência visual, o que demanda interações constantes.
Além disso, os data centers exigem que muita água seja gasta para evitar o superaquecimento. No caso do ChatGPT, por exemplo, uma pesquisa mostrou que são gastos 519 mililitros de água para a geração de 100 palavras. As emissões de carbono também são elevadas à medida que os hardwares especializados desses centros de dados, que treinam e executam modelos de IA, são construídos em regiões com energia mais barata, mas não limpa, como na Virgínia (EUA), onde 60% da eletricidade vem de gás natural.
Por que as empresas de IA não falam sobre consumo de energia?
Não há resultados para as buscas sobre “sustentabilidade” ou “meio ambiente” no site da OpenAI
Reprodução/Gisele Veríssimo
Apesar do impacto significativo, as grandes empresas de tecnologia raramente divulgam dados sobre o consumo energético de seus sistemas de IA. O “silêncio” em torno do tema se torna conveniente, já que discutir abertamente os custos ambientais poderia manchar a imagem de inovação sustentável que muitas companhias tentam promover.
Em relação à pesquisa realizada pela MIT, as empresas de inteligência artificial argumentam que vídeos gerados por IA têm um prejuízo ambiental menor do que produções cinematográficas tradicionais, que envolvem deslocamentos, equipes e equipamentos físicos. No entanto, para os pesquisadores, essa comparação é questionável, pois não há dados concretos que comprovem a afirmação.
Especialistas alertam para o impacto das ferramentas
Uma crítica frequente é o desperdício associado ao treinamento e uso de modelos de IA. Muitas empresas priorizam a velocidade e a sofisticação em detrimento da otimização energética, resultando em um gasto excessivo de recursos. Os pesquisadores defendem que as empresas adotem práticas mais sustentáveis, como o uso de energia renovável em data centers e a priorização de algoritmos eficientes.
Além disso, há uma pressão por maior transparência, uma vez que se os consumidores soubessem o real custo ambiental de cada vídeo ou imagem gerada por IA, talvez pensassem duas vezes antes de usar esses recursos indiscriminadamente. Enquanto a indústria não assume a responsabilidade, o debate sobre o impacto climático da inteligência artificial só tende a crescer e os usuários podem ser peças-chave na cobrança por mudanças.
Com informações de MIT, Harvard Business Review e TechRadar (1,2)
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