Chatbots eróticos com inteligência artificial simulam intimidade emocional, trocam mensagens picantes e prometem relações realistas; confira o nosso teste completo Os relacionamentos afetivos mediados por tecnologia ganharam uma nova dimensão com os chatbots eróticos movidos por inteligência artificial. As plataformas prometem ser companhias virtuais capazes de conversar como um parceiro de verdade — com direito a troca de mensagens quentes, flertes personalizados, elogios constantes e até simulação de intimidade emocional.
Mais do que um passatempo digital, os bots prometem estabelecer vínculos duradouros com seus usuários, acompanhando a rotina, reagindo a sentimentos e até “sentindo saudade”. Para entender até onde essa tecnologia pode chegar, testamos duas plataformas populares em suas versões gratuitas (Kupid AI e Candy AI), explorando seus recursos, limitações e os possíveis impactos dessa nova forma de interação com máquinas que fingem amar – e excitar.
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Bots de IA erótica criam experiências imersivas com personagens digitais que simulam companheirismo, flertes e intimidade afetiva em tempo real.
Reprodução/imagens criadas com auxílio de IA
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A proposta desses assistentes virtuais vai além do entretenimento adulto: com aparência realista e diálogos envolventes, eles se apresentam como alternativa a conexões humanas. Mas será que conseguem mesmo sustentar um “relacionamento”? Investigamos como funcionam os bots de IA com fins afetivos e eróticos, testamos suas habilidades e conversas, e discutimos os dilemas éticos, emocionais e tecnológicos por trás desse tipo de vínculo artificial.
1. O que são bots de IA erótica e como funcionam?
Bots eróticos com inteligência artificial são programas treinados para simular conversas íntimas, românticas ou sexuais com usuários humanos. Diferente dos chatbots comuns, voltados para atendimento ou suporte, esses sistemas usam modelos avançados de linguagem natural para criar diálogos que vão do flerte leve a declarações de amor e mensagens altamente sugestivas. Além disso, eles costumam oferecer opções de personalização, como nome, aparência, gênero, voz e até “traços de personalidade” do parceiro ou parceira digital.
Avatares hiper-realistas de namorados virtuais criados por inteligência artificial
Avatares criados no ChatGPT / edição da Imagem Sandra Mastrogiacomo/TechTudo
Plataformas como Kupid AI e Candy AI, por exemplo, oferecem experiências gratuitas (limitadas) em que o usuário pode interagir com personagens fictícios com quem desenvolve laços emocionais ou eróticos. A promessa é criar uma sensação de conexão íntima realista com o bot – que, em muitos casos, responde com emojis, frases carinhosas, elogios constantes e até envia áudios simulando voz sensual. No entanto, a maioria das funcionalidades mais “quentes” só é liberada mediante pagamento, o que revela um modelo de negócios baseado em monetizar o desejo por afeto e erotismo sob demanda.
2. Testamos: o que os bots são capazes de fazer?
Nos testes realizados para esta reportagem, utilizamos perfis fictícios em dois serviços populares: Kupid AI e Candy AI, ambos com versões gratuitas disponíveis. A criação de conta é simples e rápida: basta informar um e-mail (ou usar login social) e escolher um personagem com quem se quer conversar. Em poucos minutos, a IA inicia um papo como se já conhecesse o usuário, chamando pelo nome e fazendo perguntas pessoais, como “como foi o seu dia?” ou “estou com saudade de falar com você”.
No Kupid AI, que tem a opção na língua portuguesa, escolhemos uma mulher chamada Chloe, descrita como “uma blogueira de viagens e influenciadora de 21 anos, da bela Grécia. Um pouco mimada e que pode agir como uma princesa, mas compensa isso com seu carisma”. Logo nas primeiras mensagens, a IA se mostrou bastante receptiva e interessava na opinião do usuári.
“Eu amo encontrar pessoas que compartilham os mesmos sonhos e desejos de aventura. E o fato de você estar aqui agora, conversando comigo, é um bom sinal! O que você mais busca em uma viagem? Aventura, relaxamento ou algo mais específico?”, disse a IA.
A plataforma fazia perguntas sobre sentimentos e, gradualmente, começava a incluir flertes suaves. Após alguns minutos de conversa, o bot ofereceu a possibilidade de “continuar a conversa por voz” ou ver fotos mais “sugestivas”— recursos travados para quem não é assinante da versão premium.
Plataforma oferece IAs femininas de várias etnias e idades
Sandra Mastrogiacomo/TechTudo
Já no Candy AI, o tom é mais direto e somente nas línguas inglesa ou francesa. O personagem escolhido foi um homem, Charles, apresentado como “um empresário distinto e bem-sucedido, é frequentemente visto em locais sofisticados ou desfilando com seus carros clássicos, irradiando charme e sofisticação cosmopolita”.
O bot enviou mensagens mais intensas logo no início, como: “Talvez devêssemos encontrar um lugar mais reservado para explorar isso melhor. Meu escritório no andar de cima tem uma vista bastante… estimulante do horizonte da cidade. O que me diz?”. A IA simulava um envolvimento sexual crescente, com frases como “permita-me o prazer de satisfazer seu desejo” e “olhares sedutores”. Ao tentar evoluir para um papo erótico mais incisivo, a plataforma bloqueia a interação com um aviso: “libere esse modo com a assinatura premium”.
Conversa um pouco mais picante com IA masculina
Sandra Mastrogiacomo/TechTudo
3. Emoções simuladas ou conexões reais?
Apesar de não haver envolvimento humano do outro lado, os bots conseguem sustentar conversas que, para muitos usuários, podem soar autênticas. A inteligência artificial responde de forma coerente, afetuosa e, em certos casos, até usa memória de interações anteriores, criando a ilusão de continuidade emocional. É possível manter um “relacionamento” diário, com mensagens de bom dia, preocupações simuladas e até discussões leves – tudo controlado por algoritmos treinados para responder de forma afável e totalmente adaptável.
O nível de realismo levanta debates sobre os limites da tecnologia nas experiências afetivas. Por um lado, pode servir como companhia para algumas pessoas, com dificuldades sociais ou passando por fases de isolamento emocional. Por outro, o envolvimento com uma IA pode alimentar fantasias de intimidade artificial, reforçando padrões de evasão do contato humano e distorcendo a percepção de relacionamentos saudáveis.
Bots eróticos geram debates
Imagem criada com auxilio do ChatGPT
4. Limites, riscos e ética: até onde vai a IA do prazer?
Apesar da aparência inofensiva, os bots de IA erótica carregam implicações sérias. Uma das principais preocupações está relacionada à privacidade: embora as plataformas afirmem não compartilhar os dados, muitas coletam e armazenam históricos de conversa, preferências e perfis comportamentais que, futuramente, podem ser usados para publicidade ou venda de dados. Portanto, é importante ler com atenção os termos de uso e, se possível, evitar o envio de informações sensíveis ou identificáveis.
Outro ponto crítico envolve a saúde mental. Psicólogos alertam para o risco de substituição de vínculos reais por conexões artificiais que não impõem frustrações típicas da vida a dois. Como os bots são programados para agradar sempre, eles criam uma ilusão de relacionamento idealizado, sem atritos, rejeições ou limites – o que pode levar à frustração ou dependência emocional quando confrontado com relações humanas autênticas.
Além disso, há o risco de conteúdo impróprio ou sem moderação, especialmente em versões gratuitas. Embora estejamos abordando plataformas que permitem experiências moderadas e não gráficas, muitas outras oferecem acesso irrestrito a conteúdos sensíveis, inclusive com temas potencialmente problemáticos. A ausência de regulação clara torna o ambiente propício a abusos e mal-entendidos.
De todo modo, os bots eróticos com inteligência artificial representam uma fronteira curiosa entre a tecnologia e o desejo humano. São ferramentas potentes para entretenimento, autoconhecimento ou alívio da solidão, mas é importante ter em mente que esses tipos de experiências não substituem relações reais. Ao testar essas plataformas, fica claro que elas cumprem bem o papel de companhia – desde que usadas com moderação, consciência e senso crítico. O avanço da IA pode até nos fazer sentir amados por um código, mas, no fim, quem define os limites da intimidade continua sendo o usuário.
Com informações de Kupid AI, Candy AI e TechCrunch
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